sexta-feira, fevereiro 09, 2007

A FAMÍLIA! (capitulo V)

E foi naquele dia de tempestade, em que os trovões iluminavam a pequena rua sem luz, os rostos assustados nas janelas previam o pior, os 250 Cascanianos arregaçavam as mangas certos do espancamento que estavam prestes a dar em dois jovens Sicilianos, mas cegos pelo seu ódio, não reparavam que José e António sorriam e gritavam: “venire qui se lei vuole avere alcuni!” (ahhh, querem saber o que isto quer dizer, vão fazer uma pesquisa que eu hoje não me apetece dizer-vos tudo).


Os 2 jovens Sicilianos, vendo que o confronto era eminente sorriam, confiantes, lembravam-se dos ensinamentos de seu Pai, Don Justino – que praticara imensas vezes com os seus filhos, em frente ao seu televisor Goldstar a preto e branco, técnicas de combate, saques de arma, frases cliché para dizer aos seus inimigos em grandes planos de câmara, etc. - ... Eram 250 numa rua estreita, o que poderiam fazer? Quando os indivíduos Cascanianos avançaram, a rua tingiu-se de tons a oscilar entre o preto e o branco (ou seja, cinzentos, mas uns mais escuros do que outros), os sons de cidade - sirenes de ambulâncias ou de carros patrulha, buzinadelas e palavrões, derrapagens e acelerações – deixaram de se ouvir (até porque Sintra era e ainda é uma Vila e esta história decorre nos anos 70 que eram bem mais calminhos) e tudo o que dois bravos irmãos viam era um bando de indivíduos de patilhas e bigodes mal arranjados, com roupas fora de moda (sim porque nessa altura Cascais ainda não era o que é!!), a dirigirem-se para eles em passo acelerado enquanto emitiam uns grunhidos semelhantes aos dos hooligans (isto tudo é para ser visualizado em câmara lenta se faz favor!). Os cascanianos cercavam os dois irmãos como se fossem um tsunami a atingir as berlengas. Impávidos e serenos, António “taglio profondo” beijou o seu stick e José Manuel “il bambino piu bello” agarrou nos 13 pares de luvas que guardava de cada uma das suas namoradas (cada um tem a sua tara). O que se seguiria seria uma cena de terror. Os dois irmãos desancaram-nos como se não houvesse amanhã, sozinhos, sem armas, apenas com os seus punhos, (pronto ok, tinham também algumas pedras da calçada à mão, um ou outro stick de hockey, e uns belos sapatos de verniz reluzentes com uma potente biqueira de aço!) e sem sequer terem rasgado as suas belas calças á boca de sino, ou até mesmo as suas camisas bem apertadas, tendo apenas de pentear as suas belas e charmosas patilhas e bigode (após esta batalha ainda foram dar um pézinho de dança à discoteca ouriço, na Ericeira, em jeito de desafio. Eram tramados estes dois!!). Esse episódio das suas vidas, deu então origem á conhecidíssima Rua dos Parrachos na nossa bela vila! Uma Rua com cerca de trinta metros (á vontade!), que ficou manchada de sangue (diz a lenda que ao subirmos à torre mais alta do castelo dos Mouros numa noite de nevoeiro... não, não aparece o D. Sebastião!! Só um palerma acreditaria nisso. Como eu estava a dizer, subindo à torre numa noite de nevoeiro, podemos ouvir os gritos de horror de Cascanianos espancados e humilhados, cujos bigodes desarranjados e as patilhas desiguais ainda lhes valeram uns valentes 5 minutos de gozação após a pancadaria) e que deixou para sempre, marcada esta Vila...

Agora que acabou este flashback temporal já podem vestir as vossas roupas normais do dia a dia... vá... nós esperamos mais uma vez...! Guardem lá esses trapos velhos á boca de sino que cheiram a mofo e a naftalina que tresandam! (e quem não percebeu este flashback que vá ler o capitulo anterior! Calões!!) bem... continuando.

A filha mais nova, Teresa “la Espanhollatti Venuza” vendo que todo o território Nacional estava bem controlado, e em plena expansão, foi aconselhada por Don Justino “la vechia volpe“ e Emilia “la testa” a seguir um rumo diferente... Era a internacionalização da Família! Seguiu juntamente com Virgílio “piccoli mustache” para a Venezuela, aproveitando assim o seu talento natural para falar espanhol e um medo terrível de sapos (para quem não leu o capitulo anterior, grande parte dos espanhóis têm medo de sapos, e quiçá, não seja derivado desse medo que Teresa fala tão bem o espanhol!). Virgílio “piccoli mustache” tinha conhecimentos bastante importantes em Caracas, conhecia os donos de algumas papelarias, bombas de gasolina, enfim, a nata do comércio local, o que facilitou a integração da Família em terras de Vera Cruz (quero dizer, um pouco acima das terras de Vera Cruz, mas repararam como para efeitos narrativos fica bem estrondoso, assim como nas telenovelas brasileiras. Espectacular!) Caracas ficou então a conhecer um pouco da Família! Teresa “la Espanhollatti Venuza” deu á luz dois rebentos, que, ainda hoje, provocam o pânico naquele país da América do Sul (acreditem, não estamos a exagerar! Desta vez não é para dar ênfase á narração!).
Todos os elementos da Família, mesmo deslocados da bela vila Siciliana continuavam a fazer visitas frequentes á casa da Matriarca Emilia “la testa”, afinal de contas, os laços que os ligavam eram fortes, e, desta forma, mantinham-se informados das novidades da expansão! (bem, na realidade todos lá voltavam por causa da maravilhosa Carne Assada que a matriarca fazia, mas se escrevêssemos isso, era o suicídio literário desta história!! Ok ok, vamos manter a versão das novidades da expansão e dos laços de sangue e mais não sei o quê!) Como ia dizendo, todos faziam visitas frequentes à casa da Matriarca Emilia, onde, como em todas as Famílias, se sentavam á mesa para jantar (a maravilhosa carne assada claro!), ouviam as novidades e os conselhos dos mais experientes, trocavam ideias e contavam histórias dos acontecimentos mais recentes, tais como torturas efectuadas, ameaças, saques, arraiais de porrada, enfim, o normal para este agregado familiar Parrachiano que compõe A FAMÍLIA!

E assim se escreve a história! Mas mais virá... por isso, NÃO PERCAM O PRÓXIMO EPISÓDIO, PORQUE NÓS TAMBÉM NÃO!!

Beijos e Abraços

1 Comments:

At sexta-feira, fevereiro 23, 2007 4:39:00 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Parece que o pessoal levou à letra o aviso do outro post, mas... o verdadeiro gangster do cacém não se intimida!!! Mesmo correndo o risco de ser emboscado por qualquer parelha da familia... ou ser atacado à traição pelos terrores das calças à boca de sino... eu não me calo!!! Cá para mim... estes Parrachos são uma cambada de inventores e pescadores... de tanta mentira que contam!!! Devem ser os ares da costa atlântica!!!

 

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